quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Aline

 

jura secreta

fosse muita mais que uma jura secreta
poema em linha reta nos vales do café
entre uma linha e outra
da estrada do encontro
muito mais que fotografia
a pele na grafia do dia que amanhece
na porta de uma igreja
da noite que viemos
fosse muito mais onde estivemos
e quase não tocamos
a lua no espelho
no poema que escrevesse
por quanto mais quisesse

Artur Gomes
www.secretasjuras.blogspot.com 


sábado, 18 de fevereiro de 2023

curuminha

 

Goytacá Boy
musicado e cantado por Naiman
no CD fulinaíma sax blues poesia

ando por São Paulo meio Araraquara
a pele índia do meu corpo
concha de sangue em tua veia
sangrada ao sol na carne clara

juntei meu goytacá teu guarani
tupy or not tupy
não foi a língua que ouvi
em tua boca caiçara

para falar para lamber para lembrar
da sua língua arco íris litoral
como colar de uiara
é que eu choro como a chuva curuminha
mineral da mais profunda
lágrima que mãe chorara

para roçar para provar para tocar
na sua pele urucum de carne e osso
a minha língua tara
sonha cumer do teu almoço
e ainda como um doido curuminha
a lamber o chão que restou da Guanabara

Artur Gomes

Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
Gravado em vídeo pelo autor integra a Mostra Arte de Toda Gente – FUNARTE_Rio – 2021 – Curadoria: Tchello d´Barros

https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/


Jura Não secreta
p/ paulo leminski

quando a ciranda de roda
atravessou minha rua
com teus fogos de artifícios
pelos céus da tua boca

foi então que eu quis a lua
e disse então sem sabê-la
antes que ela me visse

e neste dia eu vi Alice
quando então ela me disse:

- foi neste chão que eu fiz Estrela


Artur Gomes - e-book

 

Passaporte para uma viagem ao desconhecido


Novo e-Book do poeta Artur Gomes já está na fita, clica baixa gratuitamente e lê:
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cacomanga

na roça desde cedo comecei a escavar palavras e separar uma das outras de acordo com o seu significado dar farelo de milho para os porcos e olhadura de cana para o gado aprendi que no terreiro não dependo de mercado e para que urbanidade se a cidade não tem paz com a enxada capinei a liberdade e descobri que ditadura é uma palavra que não cabe nunca mais

Artur Gomes

Fulinaíma MultiProjetos
fulinaima@gmail.com

22 – 99815-1268 – whatsapp

Leia mais no blog

https://fulinaimaimagens.blogspot.com/


terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

poéticas

Poética

O que Isadora me diz
quando musa em meu poema
apenas lê em silêncio, muda
ou se transnuda em sua casa
e me devora
como um pássaro cria asas
e voa pelo litoral de Ipanema?


Poesia Muito Prosa

no código 137 página 13 Clarice lia trancada no armário para que do lado de fora não ouvissem seus gemidos. ela brincava de se esconder dentro do livro e a cada página emitia um ruído diferente quando lia a palavra sintaxe que lhe despertava um desejo de posse. por isso não queria que ninguém ouvisse e significasse o que gemia.

Artur Gomes

Poesia Muito Prosa


Met/Áfora 2

não me verás lugar algum enquanto os dentes não forem postos e na mesa tenha espaço para todos. esse país que atravesso corpo devassado em grito na cara do silêncio na boca dos escravizados eu que venho das profundezas desse tempo escuro onde as caras soterradas no asfalto onde os homens de verde/oliva desejavam chumbo sobre nossas palavras. não me verás lugar algum o rosto que em mim verás agora é uma máscara que o tempo se encarregou de moldurar sobre o pescoço.

dia d
,
furai
a pele das partículas dos poemas
viemos das gerações neoabstratas
assistindo a belos filmes de Godart
inertes em películas de Truffaut
bebendo apocalipses de Fellini
em tropicâncer genocidas de terror

, sangrai a tela realista dos cinemas
na pele experimental do caos urbano,
tragai
Dali pele entre/ossos
Glauber rugindo enTridentes
na língua do veneno o gozo das serpentes
nos frascos insensíveis de isopor

,
caímos no poder do vil orgânico
entramos no curral dos artefatos
na porta de entrada os artifícios
na jaula sem saída os mesmos pratos


Artur Gomes Gumes
Artur Gomes: Com os Dentes Cravados na Memória

Dani-se morreale

se ela me pisar nos calos
me cumer o fígado
me botar de quatro
assim como cavalo
galopar meus pelos
devorar as vértebras
Dani-se

se ela me vier de unhas
me lascar os dentes
até sangrar o sexo
me enfiar a faca
apunhalar meus olhos
perfurar meus dedos
Dani-se

se o amor for bruto
até mesmo sádico
neste instante lírico
se comédia ou trágico
quero estar no ato
e Dani-se o fato
deste sangue quente
em tua boca dos infernos
deixa queimar os ossos
e explodir os nossos
poemas físicos pós modernos

Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
Leia mais no blog
https://secretasjuras.blogspot.com

poética

 

poética

o poema fala do teu corpo
como se o tocasse
o reconhecesse em cada verso
cada palavra que sai da boca
como um canto bíblico
ou um louvor profano
no poema o corpo não tem panos
que lhe escondam a pele
é um peixe que flutua em águas calmas
é um pássaro que atravessa nuvens cinzas
um barco em alto mar de tempestades
o poeta que se transmuta em poesia


no silêncio do quarto
beijo tua boca ainda suja
do vinho que sobrou
depois da trama
o relógio na parede marca
a hora que entramos
na cama do hotel
só cabem nossos corpos
dentro do poema
Afrodite ainda tonta
sai da da trama e segue pro cinema


Artur Gomes Gumes


em cena

 

em cena

sobre a mesa um chocolate meio amargo e uma garrafa de café. Clarice retocava a maquiagem enquanto pensava o chocolate em sua boca, para ela comer chocolate é o mesmo que comer livros, mesmo que Federico a imagine mulher doida, mas para ela tanto faz, dá no mesmo, e pare ele isso é muito vago. a garrafa de café permanecia sobre a mesa sem que ninguém a tocasse, todos os sentidos de Clarice estão voltados para o livro e o chocolate.

Artur Gomes

#onomedamusa 

na foto: Clarice na pele de Rachell Rosa


princesa morta

 

princesa morta

dorme a princesa encantada
no portal dos desenredos
na bruma das madrugadas
evoé - Eros meus dedos
tocando o vinho na língua
da saliva em tua boca
ó princesa adormecida
que vens na pele da pedra
quantos anos quantas Eras
tivemos nesse abandono
por estações de primaveras
sem chegadas só partidas
nas luas de tanta espera
nas marés das despedidas
na carne o sal das promessas
silêncio o som das feridas

ó princesa adormecida
enquanto guardas na flor da carne
dos teus lábios indefesos
sorrisos palavras mágicas
ou só meus poemas presos
o que imanta teus olhos
que ímã me tens me tesa
me armas com tuas entradas
de tantas delicadezas
elétrico me põe na fala
faíscas de um tempo aceso
no mito a chave da porta
a corda que o plumo estica
no mito a princesa morta
no poema viva fica

Federico Baudelaire
#federicobaudelaire

https://fulinaimagemfreudelerico.blogspot.com/


Artur Gomes - O Homem Com A Flor Na Boca

  metafórica dialética quantas teorias terei para escrever o que falo?   quantos sapatos ainda apertam os calcanhares do meu calo?...