terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

poéticas

Poética

O que Isadora me diz
quando musa em meu poema
apenas lê em silêncio, muda
ou se transnuda em sua casa
e me devora
como um pássaro cria asas
e voa pelo litoral de Ipanema?


Poesia Muito Prosa

no código 137 página 13 Clarice lia trancada no armário para que do lado de fora não ouvissem seus gemidos. ela brincava de se esconder dentro do livro e a cada página emitia um ruído diferente quando lia a palavra sintaxe que lhe despertava um desejo de posse. por isso não queria que ninguém ouvisse e significasse o que gemia.

Artur Gomes

Poesia Muito Prosa


Met/Áfora 2

não me verás lugar algum enquanto os dentes não forem postos e na mesa tenha espaço para todos. esse país que atravesso corpo devassado em grito na cara do silêncio na boca dos escravizados eu que venho das profundezas desse tempo escuro onde as caras soterradas no asfalto onde os homens de verde/oliva desejavam chumbo sobre nossas palavras. não me verás lugar algum o rosto que em mim verás agora é uma máscara que o tempo se encarregou de moldurar sobre o pescoço.

dia d
,
furai
a pele das partículas dos poemas
viemos das gerações neoabstratas
assistindo a belos filmes de Godart
inertes em películas de Truffaut
bebendo apocalipses de Fellini
em tropicâncer genocidas de terror

, sangrai a tela realista dos cinemas
na pele experimental do caos urbano,
tragai
Dali pele entre/ossos
Glauber rugindo enTridentes
na língua do veneno o gozo das serpentes
nos frascos insensíveis de isopor

,
caímos no poder do vil orgânico
entramos no curral dos artefatos
na porta de entrada os artifícios
na jaula sem saída os mesmos pratos


Artur Gomes Gumes
Artur Gomes: Com os Dentes Cravados na Memória

Dani-se morreale

se ela me pisar nos calos
me cumer o fígado
me botar de quatro
assim como cavalo
galopar meus pelos
devorar as vértebras
Dani-se

se ela me vier de unhas
me lascar os dentes
até sangrar o sexo
me enfiar a faca
apunhalar meus olhos
perfurar meus dedos
Dani-se

se o amor for bruto
até mesmo sádico
neste instante lírico
se comédia ou trágico
quero estar no ato
e Dani-se o fato
deste sangue quente
em tua boca dos infernos
deixa queimar os ossos
e explodir os nossos
poemas físicos pós modernos

Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
Leia mais no blog
https://secretasjuras.blogspot.com

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