manguinhos
poema em linha torta
geograficamente
lapa para mim são 3
em campos no rio e em sampa
em mil novecentos e noventa em seis
quando publiquei sampleando
pela primeira vez
uma ninfeta paulista
me perguntou onde era
a lapa do meu poema
de manguinhos lhe respondi
:
o poema pode ser um beijo em tua boca
há tempos não tenho paciência
para respostas concretas
se no poema o poeta faz referências
a estação da luz av. paulista
consolação água branca barra funda
essa lapa só pode ser em sampa
né cara pálida ninfeta analfabeta
ignorância profunda
Federico Baudelaire
molha meu cio em silêncio
corisco risca a faca na pedra
mas federika não medra
desafia o dito cujo
a ser maior que a morte
escrever poema sujo
e ser melhor do que fedra
quando desgarrou da tribo dos goytazes
e foi parar em Itabuna
o corpo mais leve que pluma
em pleno ar levitava
quebrou a faca do corisco
enquanto nos ares voava
cansada da preguiça baiana
picou a mula pra recife
praia da boa viagem
com gana de vida feroz
se dentro da noite é veloz
no olho do dia é voragem
com seus cardápios de arte
enfeitiçou pernambucos
grafites por toda parte
por bares e restaurantes
grafitando seus guardanapos
com grande voracidade
eleita musa da praia
descobriu cedo na tarde
que tudo que arde cura
o que aperta segura
na premar quando agita
se é amor geme e grita
mesmo não sendo loucura
relembro que anos passados
antes dos dezessete
ela se misturou ao campistês
nos corredores do cefet
teve aula de português
com o poeta da quadrilha
que levava um boi pintadinho
nas fulinaimargens da trilha
federika amava federico
que amava boudelaire
que amava euGênio mallarmè
que amava lady gumes
que amava pastor de andrade
que amava serAfim
que amava rúbia querubim
dos cabelos negros como corvo
que foi morar em iriri
depois do amor o estorvo
em recife montou seu reinado
e alimentou a matilha
de boêmios embriagados
nas noites das sapatilhas
com frevo maluco rasgado
pensando sonhar em sevilha
hoje nesse recife distante
rio que nos separa
como palavra cilada
como poema armadilha
e nunca contou para a filha
tudo o que em segredo
já contou paro o mar
e pras algas sal gadas da ilha
Artur Gomes
Poéticas ArturiAnas
www.arturkabrunco.blogspot.com
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